terça-feira, 27 de setembro de 2016

Pablo Neruda

Nos bosques, perdidos, cortei um ramo escuro
e os lábios, sedentos, levantaram seu sussurro:
era talvez a voz da chuva chorando,
uma companhia vermelha ou um coração cortado.
Algo que desde tão longe me parecia
oculto gravemente, coberto pela terra,
um grito ensurdecido por imensos outonos,
pela entreaberta e úmida escuridão dos bosques.
Porém ali, despertando dos sonhos do bosque,
o ramo de avelã canto embaixo de minha boca
e seu errante olor subiu no meu critério.
como assim me buscaram de súbito as raízes
Vinte poemas de amor e uma canção desesperada e outros 
que abandonei, a terra perdida com minha infância,
e me deteve ferido pelo aroma errante.

Pablo Neruda

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